ACUPUNTURA
É uma técnica que consiste na aplicação de agulhas nos chamados pontos de acupuntura localizados na superfície do corpo. Pode-se utilizar também outras modalidades de manipulação dos pontos, como uso de calor com moxas de ervas; de ventosas; de auriculoacupuntura; de estimulação elétrica; de laser, além de pressão (BREVES, 2001).
Utilizando-se o estímulo das agulhas, obtemos respostas globais ou específicas no organismo. A escolha dos pontos pressupõe um diagnóstico baseado em exames minuciosos, além da elaboração de um prognóstico. Vale ressaltar também que a introdução das agulhas nos pontos de acupuntura deve ser realizada segundo técnica que garanta a resposta esperada e que previna o aparecimento de complicações de ordem traumática ou infecciosa (BREVES, 2001).
De acordo com a medicina chinesa, o tratamento dos acupontos por meio da Acupuntura tem por objetivo normalizar os órgãos alterados por meio da estimulação de pontos reflexos com intuito de restabelecer o equilíbrio do organismo, alcançando, assim, resultados terapêuticos (WEN, 1985).
Na acupuntura tradicional chinesa, os acupontos estão distribuídos ao longo de uma rede interligada de meridianos, por onde flui o fator denominado Qi, considerado a energia vital circulante (ZHAO, 2008).
A estimulação dos pontos de acupuntura resulta em degranulação de mastócitos, ativação da cascata inflamatória, alterações de fluxo sanguíneo e linfático e na condução de impulsos nervosos ao sistema nervoso central. Ocorre então, uma resposta local que se espalha ao longo de tempo por todo eixo neural, provocando diversas alterações bioquímicas no sistema nervoso e muitas vezes em todo o corpo (XIE; PREAST, 2007).
AURICULOTERAPIA
A acupuntura auricular e a auriculoterapia são técnicas que utilizam pontos no pavilhão auricular para a prevenção e o tratamento de desequilíbrios orgânicos emocionais que podem acarretar em uma doença. Parte do conceito de que o pavilhão auricular é um microssistema, onde uma região do corpo representa todo o organismo, permitindo tratar diferentes tipos de problemas (GORI; FIRENZUOLI, 2007).
Para a MTC os doze meridianos reúnem-se na orelha, sendo uma das principais zonas onde o Yin e o Yang se inter-relacionam. Quando algum canal é obstruído e a circulação do sangue e Qi perde seu fluxo, aparecem pontos alterados na orelha. Deste modo, as desarmonias dos órgãos e das vísceras podem manifestar-se na orelha e provocar alterações (WANG, 2008).
O estímulo da zona auricular correspondente à parte do organismo em desequilíbrio permitirá regularizar o fluxo de energia e retomar o estado natural das funções corporais, pois é através dos pontos de acupuntura que se torna possível “manipular” essa circulação energética, que pode encontrar-se bloqueada, em deficiente ou excesso (SOUZA, 2007)
VENTOSATERAPIA
É um método terapêutico que consiste em utilizar ventosas, aplicando-as na pele. Produz uma pressão negativa que tem o objetivo de drenar e promover o descongestionamento de Qi e Xue nos canais de energia. As ventosas podem ser de vidro, de plástico e bambu.
A ventosaterapia possui diversos métodos de aplicação, sendo duas categorias principais: ventosas seca e úmida.
A ventosaterapia seca pode ser considerada como uma técnica não invasiva realizada em pele íntegra. Esta modalidade, quando fixa, consiste na aplicação (sucção) do copo de ventosa fixando-os nos mesmos pontos de estímulo da acupuntura para promover a tonificação ou a dispensação do QI do ponto de acupuntura.
A segunda modalidade de ventosaterapia seca é a deslizante ou móvel. Utiliza-se deslizamento do copo sobre a superfície da pele, com óleos lubrificantes para promover menor atrito e maior relaxamento. Pode-se também realizar a técnica sem presença de óleo ou lubrificante, o que gera maior atrito e, dessa forma, favorece a liberação de fáscias musculares, maior aporte sanguíneo, organiza o fluxo do Qi, expele os fatores patógenos e promove a desintoxicação (FURHAD; BOKHARI, 2020).
Já a ventosaterapia úmida é considerada um método invasivo por realizar pequenas puncturas na pele com agulhas e lancetas para promover extração do sangue (sangria) fixando a ventosa sob o local da sangria gerando com uma sucção forte da pele entre 1 a 2 minutos. Após a extração do sangue, se retira cuidadosamente a ventosa (FILHO, 2016).
A ventosaterapia é uma técnica utilizada para regular a circulação dos fluidos corporais, haja vista que drena o excesso de líquidos e toxinas do organismo, aumenta a circulação sanguínea local e alivia a tensão muscular dolorosa. Esta técnica restaura o equilíbrio entre Yin-Yang, fortalecendo a resistência do corpo, expelindo os fatores patogênicos e modulando o sistema imunológico, e também promovendo a circulação sanguínea (AL-BEDAH et al., 2019).
Referências
Al-Bedah AM et al. The medical perspective of cupping therapy: Effects and mechanisms of action. Journal of Traditional and Complementary Medicine. 2019;9: p. 90-97
BREVES, R. Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo: Robe Editorial, 2001.
FILHO, R. Ventosaterapia Chinesa. 1. ed. 2016
FURHAD, S; BOKHARI, A.A. Cupping Therapy. StatPearls Publishing, Treasure Island (FL). 2019.
GORI, L.; FIRENZUOLI, F. Ear acupuncture in European traditional medicine. Evidence-based complementary and alternative medicine. v. 4, Suppl. 1, p. 13- 16, 2007.
JIANPING, H. Metodologia da Medicina Tradicional Chinesa. 1a Ed., São Paulo: Roca, 2001.
QUAH, S. R. Traditional Healing Systems and the Ethos of Science. Social Science & Medicine, v. 57, p. 1997-2012, 2003.
SOUZA, M. P. Tratado de auriculoterapia. Brasília: FIB, 2007.
WANG, X. et al. A self-learning expert system for diagnosis in traditional Chinese medicine. Expert Systems with Applications, v. 26, p. 557-566, 2004.
WANG, Y. Micro-acupuncture in practice: Elsevier Health Sciences, 2008
WEN, T.S. Acupuntura clássica chinesa. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1985. 225p.
XIE, H, PREAST, V. Xie’s veterinary acupuncture. 1.ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. 376p.
ZHAO, Z.-Q. Neural mechanism underlying acupuncture analgesia. Progress in Neurobiology. v.85, p. 355-375, 2008.
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