AROMATERAPIA
Aromaterapia, sendo “Aro” de aroma, e “Terapia” de cura, está inserida na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC, por meio da Portaria Nº 702, de 21 de março de 2018. A aromaterapia é caracterizada por ser uma prática que utiliza as propriedades dos óleos essenciais (OE), com o intuito de promover ou melhorar o bem-estar, a higiene e a saúde física, mental e emocional (CECHETTI, 2020; BRASIL, 2018).
A aromaterapia é considerada uma das práticas complementares mais antigas, e o seu primeiro relato na ciência foi em 1920, por meio de um trabalho realizado por René Maurice Gattefossé, considerado o pai da aromaterapia. Em seu trabalho, ele pesquisou as propriedades terapêuticas dos OE de lavanda ao tratar uma queimadura. Mais tarde, para descrever suas pesquisas, René publicou um livro denominado “Aromatherapy” (BRITO et al., 2013).
Vale evidenciar também, o trabalho do médico Jean Valnet, no qual colaborou com o tratamento de soldados feridos durante a Segunda Guerra Mundial, utilizando inclusive os OE, nos quais foram eficientes para a redução dos processos infecciosos, e consequentemente para a recuperação de vários soldados (BRITO et al., 2013).
Além disso, vale mencionar, que a aromaterapia holística, foi introduzida na Inglaterra, por Marguerite Maury, com base nas teorias de enfermagem. Ela foi a pioneira em utilizar os OE em massagem, de maneira individualizada, levando em consideração o temperamento e personalidade do usuário (BRITO et al., 2013).
Os OE advém da destilação ou prensagem de flores, folhas, sementes, frutos e raízes, e o seu funcionamento pode ser desenvolvido por seus aspectos químicos e energéticos. Em relação aos aspectos químicos, sabe-se que cada OE pode apresentar até 300 componentes, e que sua ação terapêutica é caracterizada pelo componente majoritário. Em relação aos aspectos energéticos, sabe-se que o aroma que é captado pelo sentido olfativo, promove a sensação de bem estar, relaxamento, estimulando memórias e emoções. Contudo, há uma variedade de OE, nos quais possuem ações diferentes, haja vista que são quimicamente distintos (NASCIMENTO; PRADE, 2020; MELO et al., 2021;
São exemplos de OE: Óleo de lavanda, de bergamota, de laranja doce, de melaleuca, de limão siciliano, de alecrim, de hortelã, de eucalipto, de camomila, de canela, de sálvia, de gengibre, de capim-limão, de cedro, de citronela, de erva-doce, de copaíba, de palmarosa e entre outros (PANTERI, 2021).
Os OE são absorvidos por aplicação tópica ou cutânea, por inalação, absorção oral e absorção interna, como em bochechos. E, possuem ações antissépticas, anti bactericidas, anti inflamatórias, antiespasmódicas, expectorantes, e entre outras funções para a prática clínica (MELO et al., 2021; PESSOA et al., 2021).
De um modo geral, a aromaterapia possui efeitos benéficos para o sistema respiratório, pois o fortalece e melhora as trocas gasosas; para o sistema imunológico, pois aumentam as atividades das células imunológicas; para a via olfatória, uma vez que o aroma age no sistema límbico, estimulando a produção de neurotransmissores, como a dopamina, que promove sensações de relaxamento, e também desperta memórias emocionais, que podem gerar sensação de paz; para a via dermatológica, pois as moléculas são absorvidas na corrente sanguínea, sendo transportadas para os tecidos, possibilitando a sua ação terapêutica; e efeitos positivos para a saúde mental, dado que favorece o equilíbrio emocional, proporcionando redução do estresse e da ansiedade (NASCIMENTO; PRADE, 2020; MELO et al., 2021).
BIODANÇA
A Biodança é uma prática terapêutica que está inserida na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC, por meio da Portaria Nº 849, de 27 de março de 2017. É uma prática de abordagem sistêmica, que busca estabelecer as conexões do indivíduo consigo, com o outro e com o meio ambiente, por meio de músicas, cantos, exercícios e dinâmicas, que propiciam efeitos benéficos na saúde, como a ativação da totalidade do organismo; geração de processos adaptativos e integrativos; e otimização da homeostase do organismo, haja vista que há estímulos da plasticidade neuronal e a criação de novas redes sinápticas (BRASIL, 2017).
A palavra Biodança tem sua origem no espanhol biodanza neologismo do grego bio (vida) com o espanhol danza (dança), a Dança da Vida. A prática foi criada em 1960, pelo antropólogo chileno Rolando Toro, no qual expandiu esta prática inicialmente no Chile, na Argentina e no Brasil, e atualmente ela é conhecida em todos os continentes (BOMFIM, 2021; SILVA, 2022).
A seguir, serão descritas, as cinco linhas nas quais Rolando Toro se pautou para criar a Biodança:
- Vitalidade: É justificada para manter a homeostase, o sistema neurovegetativo, o instinto de conservação e a energia para ação e para a resistência imunológica. Sendo assim, o impulso vital corresponde a energia que o indivíduo utiliza para enfrentar as circunstâncias diárias, fazendo com que haja o despertar e o desenvolvimento de alegria, sensações de bem-estar e conforto (SANTOS, POSSEBON, 2020; BOMFIM, 2021).
- Sexualidade: É motivada pelo estímulo de movimentos e sensações relacionadas com a descoberta e com a aprendizagem sobre o seu corpo, permitindo assim, o despertar de desejos e as necessidades em satisfazê-los (SANTOS, POSSEBON, 2020; BOMFIM, 2021).
- Criatividade: Tem como intuito o crescimento da capacidade da criatividade artística e existencial, fazendo com que haja o despertar do instinto de criação e de renovação (SANTOS, POSSEBON, 2020; BOMFIM, 2021).
- Afetividade: É motivada pelo estímulo da reeducação afetiva, haja vista que há o incentivo do afeto e da emoção, que estão relacionadas com contato corporal, e que por meio da música há a potencialização da dimensão do afeto (SANTOS, POSSEBON, 2020; BOMFIM, 2021).
- Transcendência: É propiciada para a evolução do desenvolvimento da consciência cósmica e da percepção do potencial do próprio corpo como canal que emana iluminação e um estado harmônico de bem-estar (SANTOS, POSSEBON, 2020; BOMFIM, 2021).
Rolando indicou a biodança para todos, sem restrição de faixa etária, e estabeleceu que ela seja preferencialmente realizada em grupos, a fim de propiciar uma maior interação e conexões entre os indivíduos; mas que também pode ser praticada de maneira individual, caso o indivíduo não se sinta à vontade ou não tenha disponibilidade. Assim, seus fundamentos são estabelecidos por uma abordagem calma, com comunicação leve, aberta e direta, utilizando a música e o movimento para a expressividade do prazer e da vitalidade como força vital (SANTOS, POSSEBON, 2020; SILVA, 2022).
Primeiramente, na sessão de biodança há um momento de partilha entre os integrantes, e posteriormente um facilitador realiza uma demonstração da dança a ser praticada. Além disso, cada atividade dentro da sessão de biodança segue as cinco linhas supracitadas. Deste modo, esta prática permite a vivência de um momento terapêutico, de aprendizagem, de afetividade, e de percepção de si e para o outro, ampliando a dimensão sensitiva do indivíduo (BRITO; GERMANO; SEVERO JUNIOR, 2021).
Em suma, a biodança é uma prática terapêutica que contribui para que o ser humano consiga se conectar consigo mesmo e com a energia cósmica, restaurando assim a função do organismo, colaborando com uma melhor qualidade de vida, com saúde e autoconhecimento. Além do mais, vale mencionar, que esta prática proporciona uma redução da ansiedade e do estresse produzidos pelos conflitos emocionais e pelas doenças psicoativas (SANTOS, POSSEBON, 2020).
OSTEOPATIA
A Osteopatia é uma prática terapêutica que está inserida na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC, por meio da Portaria Nº 849, de 27 de março de 2017. Esta prática consiste em um método diagnóstico e terapêutico realizado por meio da manipulação de articulações e tecidos, a fim de reprimir a aparição de enfermidades, detectar e tratar disfunções somáticas, caracterizadas por restrições de mobilidade (BRASIL, 2017).
O termo Osteopatia, do grego “osteon” e “pathos”, corresponde à palavra "osso" e “sofrimento”/“experiência” respectivamente. A prática foi originada no fim do século XIX, pelo médico cirurgião Andrew Taylor Still, nos Estados Unidos, logo que ele identificou que as técnicas manuais de flexibilização dos tecidos e a terapia manipulativa do sistema músculo-esquelético auxiliavam na manutenção e na recuperação da saúde de seus pacientes (CHAITOW, 1982; SCHNEIDER; TESSER, 2019; VASCONCELOS, 2020).
A osteopatia, para Still, consistia no diagnóstico e na aplicação de técnicas manuais específicas, que auxiliavam na recuperação do indivíduo. A técnica compreende na manipulação de tecidos moles, na manobra das articulações e de liberação miofascial (CHAITOW, 1982; GURGEL et al., 2017).
Esta prática fisioterapêutica envolve fundamentos anatômicos, fisiológicos e biomecânicos, e trabalha de forma integral, considerando os aspectos físicos, psicológicos e sociais do indivíduo. Além disso, se baseia no conceito de que o ser humano é uma unidade funcional dinâmica, e que possui seus próprios mecanismos para a autorregulação e a autocura (BRASIL, 2017; GURGEL et al., 2017).
Em suma, a osteopatia é um método fisioterapêutico não invasivo, que contribui para conter o surgimento de enfermidades e para detectar e tratar distúrbios, como os osteomioarticulares, a fim de reduzir a dor e o prejuízo na funcionalidade do sistema músculo-esquelético. Além disso, coopera para que o organismo restabeleça o seu equilíbrio (BRASIL, 2017; GURGEL et al., 2017).
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria N° 702, de 21 de março de 2018. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2018/prt0702_22_03_2018.html. Acesso em: 16 mar. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria N° 849, de 27 de março de 2017. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt0849_28_03_2017.html. Acesso em: 24 mar. 2023.
BRITO, A. M. G. et al. Aromaterapia: da gênese a atualidade. Revista Brasileira de plantas medicinais, v. 15, p. 789-793, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbpm/a/4pHPp9cWzmBrTHqtzhqGFyH/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 21 maio 2023.
BRITO, R. M. M.; GERMANO, I. M. P.; SEVERO JUNIOR, R. Dança e movimento como processos terapêuticos: contextualização histórica e comparação entre diferentes vertentes. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 28, p. 146-165, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/WSFdKbSxtSygsP9BNwdWdRt/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 21 mar. 2023.
BOMFIM, Z. Á. Cruz. Biodança como prática integrativa complementar em contexto comunitário. Informação em Pauta, v. 6, n. 1, p. 107-116, 2021. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8742312. Acesso em: 12 mar. 2023.
CECHETTI, E. E. Considerações referentes ao uso de óleos essenciais no climatério. 2020.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Práticas Integrativas e Complementares) - Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2020. Disponível em: https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/3090/1/Eulalia%20Eliane%20Cechetti.pdf. Acesso em: 21 maio 2023.
CHAITOW, L. Osteopatia: Manipulação e Estrutura do Corpo. 2 ed. São Paulo: Summus Editorial, 1982, 112 p.
GURGEL, F. F. A. et al. Reflexões sobre o emprego da osteopatia nas políticas públicas de saúde no Brasil. Fisioterapia Brasil, v. 18, n. 3, p. 374-381, 2017. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/1066/2134. Acesso em: 17 maio 2023.
MELO, E. M. et al. Mini-revisão sobre óleos essenciais utilizados na aromaterapia e sua ação farmacológica. In: ALMEIDA JUNIOR, S. Produtos Naturais e Suas Aplicações: Da comunidade para o laboratório. São Paulo: Editora Científica, 2021, p. 143-155. Disponível em: https://downloads.editoracientifica.org/articles/210303835.pdf. Acesso em: 21 maio 2023.
NASCIMENTO, A.; PRADE, A. C. K. Aromaterapia: o poder das plantas e dos óleos essenciais. Recife: Fiocruz-PE, 2020. Disponível em: https://fitoterapiabrasil.com.br/sites/default/files/documentos-oficiais/cuidado-integral-na-covid-aromaterapia-observapics.pdf. Acesso em: 21 maio 2023.
PANTERI, A. 21 principais óleos essenciais, seus efeitos e como usá-los. [S. l.]: Editora Abril, 5 jan. 2021. Disponível em: https://boaforma.abril.com.br/equilibrio/21-principais-oleos-essenciais-seus-efeitos-e-como-usa-los. Acesso em: 21 maio 2023.
PESSOA, D. L. R. et al. O uso da aromaterapia na prática clínica e interprofissional. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento , v. 10, n. 3, pág. e46410313621-e46410313621, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/13621/12183. Acesso em: 21 maio 2023.
SANTOS, C. L.; POSSEBON, F. Espiritualidade e saúde no processo de recuperação de mulheres, em situação de dependência química por meio da biodanza. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciências das Religiões) - Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2020.
SCHNEIDER, L. M.; TESSER, C. D. Osteopatia e Atenção Primária à Saúde: Uma relação pouco conhecida no Brasil. REVISE - Revista Integrativa em Inovações Tecnológicas nas Ciências da Saúde, v. 5, p. 61-79, 2019. Disponível em: https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/revise/article/view/1939/1121. Acesso em: 24 mar. 2023.
SILVA, T. B. A Biodança na promoção da saúde: A Dança como zona de ProCura - Melhoria das condições e dos modos de viver. Scientiarum Historia, v. 14, n. 10, p. 11, 2022. Disponível em: http://146.164.248.81/hcte/downloads/sh/sh14/anais_SH_14.pdf#page=11.
Acesso em: 21 mar. 2023.
VASCONCELOS, D. OSTEOPATIA E QUIROPRAXIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Práticas Integrativas e Complementares nos Serviços Públicos de Saúde: Um Sonho, uma Ideia, uma Realidade, 2020.
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