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Imunização contra a COVID-19: da fabricação à aplicação


Daniel de Souza Oliveira

Geovanna Maria Isidoro

Igor Moraes Monteiro


Processo de fabricação

Diante da pandemia e da emergência para tratar as pessoas infectadas pela COVID-19, vacinas passaram a ser estudadas e testadas, de modo a eliminar o vírus e modificar a situação da saúde pública. Numa união de esforços, vacinas seguras e eficazes foram criadas e reconhecidas como uma solução à pandemia. Assim, medidas foram organizadas para a realização da vacinação geral da nação.

Com a necessidade de produção imediata das vacinas no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) atribuiu a autorização para produzir a vacina adsorvida covid-19 (inativada), do Instituto Butantan (IB), nomeada como Coronavac, e a Vacina covid-19 (recombinante), da Fiocruz/Astrazeneca.


Coronavac: possui antígeno inativado do vírus e, durante os testes clínicos, a proporção de pessoas que produziu anticorpos em decorrência da vacina, se mostrou presente em mais de 92% dos participantes.


Astrazeneca: foi desenvolvida pelo laboratório Astrazeneca (Universidade de Oxford) em parceria com a FioCruz. A vacina contém partículas virais do vetor adenovírus recombinante de Chipanzé, sendo elas deficiente de replicação e que expressa a glicoproteína denominada como SARS-CoV-2 Spike. Os estudos relacionados às pessoas que produziram anticorpos, mostraram resultados em mais de 98% dos indivíduos imunizados.



Fonte: BRASIL, 2021.


Preservação e Distribuição

Para que os imunobiológicos cheguem até à população, as três esferas que norteiam as ações do Sistema Único de Saúde - União, estados, Distrito Federal e os municípios - serão responsáveis pela execução das ações de vigilância, o que envolve a preservação e distribuição das vacinas de maneira correta e segura.

Toda a logística envolvida com o processo de distribuição das vacinas é chamada de Rede de Frio, uma estratégia voltada para garantir a vacinação em todo o território nacional. Esta Rede de Frio é disposta pelas seguintes estruturas conforme a figura a seguir:


Figura 1 – Rede de Frio


Fonte: BRASIL, 2021.


Na instância nacional, uma empresa terceirizada (VTC-LOG) é responsável pela distribuição das vacinas nas 27 unidades federativas. Antes de sua distribuição, os imunobiológicos são mantidos em áreas de refrigerados com a temperatura variando de 2º C a 8º C, além da climatização do ambiente que deve constar entre 16º C e 17º C.


A instância estadual organiza-se em 27 Centrais Estaduais de Rede de Frio que se responsabilizará por receber as vacinas de acordo com um planejamento pré-estabelecido com a instância nacional, conforme as necessidades do Plano Nacional de Imunização e da situação epidemiológica. Para armazenamento e distribuição dos imunobiológicos, serão utilizadas câmaras frias positivas (2º C a 8º C) e negativas (-25º C a -15º C), dependendo da demanda. Em seguida, estes imunobiológicos serão transferidos para as Centrais Regionais de Rede de Frio, que se comunicam diretamente com as Secretarias Estaduais de Saúde e ocupam posição estratégica para garantir uma distribuição segura.


Na instância municipal, por sua vez, primeiramente as vacinas serão recepcionadas na Central Municipal de Rede de Frio, incluída na organização da Secretaria Municipal de Saúde, que também se responsabilizará pelo fornecimento de insumos necessários para a imunização, como as seringas, agulhas, caixas térmicas e até mesmo as câmaras frias. Quando as vacinas chegam nas salas de imunização (final da Rede de Frio), o armazenamento é um ponto fundamental, visto que devem manter a refrigeração apropriada e em condições ideais para ser administrada na população.


A temperatura dos imunobiológicos caracteriza-se como um ponto fundamental para sua preservação, e as ações voltadas para seu monitoramento estão inclusas na chamada Cadeia de Frio. Isso ocorre porque a exposição a temperaturas, mais quentes ou mais frias, do valor preconizado, além da luz, é capaz de gerar perdas consideráveis na potência e ação das vacinas.


Da mesma forma, as vacinas utilizadas ao combate da COVID-19 também estão inclusas na Rede e Cadeia de Frio, em que é estabelecido a temperatura ideal de 2º C a 8º C nas câmaras frias e caixas térmicas, o uso de ar condicionado nas salas de imunização, além do funcionamento adequado dos equipamentos responsáveis pelo seu armazenamento.


Mecanismo de ação

As vacinas contra a COVID-19, de um modo geral, são projetadas para ensinar o sistema imunológico do corpo humano a reconhecer e bloquear com segurança o vírus causador da doença. Elas atuam por meio da chamada memória imunológica. A inserção do agente patogênico, ou seja, o vírus, morto ou enfraquecido, ou ainda os seus derivados, estimula, no organismo, o sistema imune a produzir anticorpos. Esses anticorpos agirão de maneira mais rápida e eficaz para destruir o vírus quando o indivíduo se infectar com o agente patogênico, evitando, assim, o surgimento da doença.


Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV)

Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV) é qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação e que, não necessariamente, possui uma relação causal com o uso de uma vacina ou outro imunobiológico. Um EAPV pode ser qualquer evento indesejável ou não intencional, isto é, sintoma, doença ou um achado laboratorial anormal.

Entre os eventos esperados, podemos ter eventos relativamente triviais, como febre, dor e edema local, ou eventos mais graves, como convulsões febris, anafilaxia, dentre outros.

Os eventos inesperados são aqueles não identificados anteriormente nos estudos clínicos, e relacionados ao uso recente da vacina, quando esta passa a ser utilizada em uma população maior.

A grande maioria dos EAPV, local e/ou sistêmica, é de baixa gravidade. Por essa razão as ações de vigilância e investigação são voltadas para os eventos moderados e graves.


O que fazer em caso de febre após a vacina?

Quando a febre se deve à vacinação, o quadro geralmente é benigno e autolimitado. Manter a pessoa em repouso, em ambiente bem ventilado, administrar água e outros líquidos apropriados, tais como terapia de reidratação oral e considerar o uso de antitérmico.


O que fazer em caso de reações no local da vacina?

Podem ser aplicadas compressas frias, nas primeiras 24 a 48 horas após a administração, nos casos de dor e reação locais intensas. A ocorrência de abscessos deve ser submetida à avaliação médica, para conduta apropriada (uso de antibióticos, drenagem cirúrgica etc.). Pode ser utilizado analgésico, se necessário. Reações locais não são contraindicação para doses subsequentes.

No entanto, considerando a introdução de vacinas novas, como é o caso das vacinas contra COVID-19, e da necessidade de se estabelecer o perfil de segurança das mesmas, orienta-se que, TODOS os eventos, não graves ou graves, compatíveis com as definições de casos estabelecidas no Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação, bem como os erros de imunização e problemas com a rede de frio, deverão ser notificados no e-SUS notifica.


Referências:

BRASIL. Governo do Estado do Ceará. Quais os mecanismos de ação das vacinas disponíveis?. Secretaria de Saúde. Ceará, 2021. Disponível em: https://coronavirus.ceara.gov.br/quais-os-mecanismos-de-acao-das-vacinas-disponiveis/. Acesso em: 09 mar. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações, Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. 1ª edição. Brasília, 2020. - Estado do Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual de Saúde. Centro Estadual de Vigilância em Saúde. Informe Técnico nº 01/2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Informativo Vacinação contra COVID-19. 1ª edição. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sul/husm-ufsm/comunicacao/ultimas-noticias/informativo-vacinacao-contra-covid-19-1. Acesso em: 09 mar. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações. Brasília. 5 ed. 2017. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/dezembro/15/rede_frio_2017_web_VF.pdf. Acesso em: 04 mar. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19. Brasília. 4 ed. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/janeiro/29/PlanoVacinaoCovid_ed4_15fev21_cgpni_18h05.pdf. Acesso em: 04 mar. 2021.

WHO. Coronavirus desease (COVID-19): Vaccines. World Health Organization, 2021. Available in: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/coronavirus-disease-(covid-19)-vaccines?. Access in: 09 mar. 2021.

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1 Comment


Rafael Fosaluza
Rafael Fosaluza
Mar 16, 2021

Parabéns aos alunos, conteúdo muito relevante e importante para todos, informações super acessíveis e muito bem detalhadas !! Muito bom 👏👏

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