JULHO AMARELO - HEPATITES VIRAIS
- PET Enfermagem
- 27 de jul. de 2022
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O “Julho Amarelo” é uma campanha instituída pelo Ministério da Saúde, realizada a fim de reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais, doenças que causam cerca de 1,4 milhões de mortes por ano no mundo em decorrência de suas complicações na forma de cirrose, infecção aguda e câncer hepático.
As hepatites virais são doenças provocadas pelos vírus HAV (hepatite A), HBV (hepatite B), HCV (hepatite C), HDV (hepatite D) e HEV (o vírus da hepatite E) com tropismo pelo tecido hepático e que tem transmissão variada segundo o vírus causador da infecção (BRASIL, 2018).
A HAV é transmitida através da via fecal-oral, pelo contato inter-humano ou por meio de água e alimentos contaminados, sendo sua disseminação relacionada com a precariedade da infraestrutura de saneamento básico, as condições de higiene praticadas, apesar de menos frequente, também tem sido relacionada a transmissão sexual. A HBV é predominantemente transmitida pela via parenteral ou percutânea, vertical e sexual, ou seja, pelas relações sexuais sem preservativos com a pessoa infectada; da mãe infectada para o filho durante a gestação, parto ou drurante a amamentação; e pelo compartilhamento de objetos contaminados. O modo de transmissão da HDV é o mesmo da hepatite B enquanto a HCV é transmitida principalmente pela via parenteral, ou seja, por meio de sangue contaminado e pelo compartilhamento de objetos contaminados; e a HEV pela via-fecal oral (BRASIL, 2018).
De modo geral, as hepatites virais agudas são assintomáticas, independentemente do tipo de vírus. Porém, quando há sintomatologia, tem a presença de fadiga, mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e icterícia. Nas hepatites virais crônicas, aparecem sintomas quando a doença está em estágio avançado de acometimento hepático, com a presença de fadiga, ou, ainda, cirrose (BRASIL, 2018).
No Brasil, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), foram notificados no período de 1999 a 2020, 689.933 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 168.579 (24,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 254.389 (36,9%) aos de hepatite B, 262.815 (38,1%) aos de hepatite C e 4.150 (0,6%) aos de hepatite D. Deste modo, estes dados demonstram que os tipos mais mais prevalentes no Brasil são os subtipos HCV e HBV (BRASIL, 2021).
As características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas das hepatites virais variam de região para região. Assim, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a região Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A. Na região Sul e Sudeste verificam-se as maiores proporções dos vírus B e C. Por sua vez, a região Norte concentra a maior proporção das infecções pelo vírus da Hepatite D (BRASIL, 2021).
Em geral, as melhores maneiras de prevenir as hepatites virais são o adequamento do saneamento básico dentro dos municípios, orientação de higiene pessoal, vacinas e uso de preservativos (GARCIA, 2019). Além disso, o tratamento precoce dessas infecções é essencial no desfecho positivo do tratamento e na quebra da rede de contaminação. Dessa forma, desde 2016 os casos de hepatites virais são de notificação compulsória e os casos de suspeita também devem ser comunicados às autoridades em saúde (DUARTE, 2020).
Quanto à vacinação, as hepatites A e B possuem vacina e estão disponíveis no SUS como parte do Calendário Nacional de Vacinação sendo a da Hepatite B disponível para toda a população em todas as idades e a da Hepatite A para crianças a partir de 15 meses a 4 anos incompletos (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE, 2022).
A hepatite A pode ser administrada em crianças de 15 meses a cinco anos incompletos, populações de risco aumentado e, após testagem negativa, pessoas que tiveram exposição podem se vacinar após 14 dias da exposição (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE, 2022).
A vacina da hepatite B deve ser administrada preferencialmente em recém-nascidos com 1ª dose nas primeiras 12 horas de vida, e continuidade do esquema vacinal mediante a vacina Pentavalente em três doses. No entanto, pessoas com mais de cinco anos e que não se vacinaram também podem receber a vacina contra a hepatite B em três doses com intervalos de 30 e 180 dias entre elas.
O tratamento das Hepatites virais varia segundo patógeno causador da doença de forma que, em caso de Hepatite A, os cuidados são voltados para os sinais e sintomas da doença, uma vez que tratamentos antivirais específicos ainda não estão disponíveis, mas os sintomas tendem a desaparecer espontaneamente no decorrer de dois meses (DUARTE, 2020).
Infecções agudas pelo HBV também tem, em 90% dos casos, resolução espontânea, no entanto, em casos em que a terapêutica medicamentosa é necessário, inibidores de transcriptase reversa como fumarato de tenofovir, desoproxila ou o entecavir são utilizados. No entanto, caso a infecção pelo HBV persista por mais de seis meses a doença é tida como crônica e seu tratamento visa a supressão viral e a normalização das enzimas hepáticas sendo a escolha pela terapia antiviral dependente, principalmente, do grau da hepatopatia e carga viral no paciente (DUARTE, 2020). .
A hepatite C pode, teoricamente, ser curada com tratamento antiviral de ação direta, no entanto, essa doença é frequentemente não diagnosticada ou tratada por ser uma infecção silenciosa e o acesso ao tratamento antiviral limitado (DUARTE, 2020).
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. (2018). Manual técnico para o diagnóstico das hepatites virais. Disponível em: <https://qualitr.paginas.ufsc.br/files/2018/08/manual_tecnico_hepatites_08_2018_web.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico – Hepatites Virais. Edição especial. Brasília jul, 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/especiais/2021/boletim-epidemiologico-de-hepatite-2021.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2022.
DUARTE, Geraldo, et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: hepatites virais. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 30 (Esp.1):e2020834, 2021.
GARCIA, Karen Fernanda da Silva Bortoleto. Ampliação da ótica na prevenção, promoção e tratamento das Hepatites Virais. Nursing (São Paulo), [S. l.], v. 22, n. 254, p. 3023, 2019. DOI: 10.36489/nursing.2019v22i254p3023. Disponível em: https://revistas.mpmcomunicacao.com.br/index.php/revistanursing/article/view/352. Acesso em: 4 jul. 2022.
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE. Hepatite. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/hepatite. Acesso em: 07 jul 2022.
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