PARA QUE SERVE A VACINA BCG?

A vacina BCG previne a tuberculose, principalmente as formas graves, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (espalhada pelo corpo). A vacina tem esse nome devido ao seu componente principal, o bacilo Calmette-Guérin (BCG) que foi desenvolvida entre 1906 e 1919 por Albert Calmette e Camille Guérin, a partir do isolamento do microrganismo causador da tuberculose (BRASIL, 2020a).

A tuberculose é uma doença infecciosa, sendo transmissível de pessoa a pessoa através de gotículas da fala, espirro ou tosse de pessoas contaminadas. Afeta principalmente os pulmões, causando tosse seca, febre, suor noturno, emagrecimento e cansaço (BRASIL, 2020b).

A tuberculose é um sério problema de saúde pública no mundo. São 10 milhões de casos e mais de um milhão de óbitos por ano. Apenas no Brasil, em 2019, foram registrados 73.864 mil casos novos da doença, o que demonstra que ainda há necessidade de sensibilização populacional acerca da vacinação (BRASIL, 2020c). Em nosso país, o acesso às vacinas é gratuito por meio do Programa Nacional de Imunização, que estabelece parâmetros de cobertura vacinal do Calendário Nacional de Vacinação da Criança, o que inclui a vacina BCG ainda nos primeiros dias de vida do recém-nascido (SILVA et al., 2018).

Indicação

Para a população em geral, a vacina BCG é indicada a partir do nascimento até os 5 anos incompletos. No caso de contato intradomiciliar de paciente com diagnóstico de hanseníase que não apresenta sinais e sintomas, o esquema de vacinação deve ser de acordo com a história vacinal do contato. A vacina BCG para crianças e adultos com HIV positivo também segue recomendações específicas do Ministério da Saúde, Nesses dois últimos casos o enfermeiro da sala de vacinação irá avaliar a melhor conduta.

Contraindicação

Prematuros com menos de 2 kg e pessoas imunodeprimidas.

Aplicação

A BCG é aplicada em dose única, na região do músculo deltoide, no nível da inserção inferior, na face externa superior do braço direito, por via intradérmica. O uso do braço direito tem por finalidade facilitar a identificação da cicatriz em avaliações da atividade de vacinação.

Resposta esperada e cuidados

No local da aplicação, haverá formação de uma pápula de aspecto esbranquiçado e poroso (tipo casca de laranja), que desaparecerá. Em três a quatro semanas, no local de aplicação da BCG, se formará um pequeno caroço, que evoluirá para uma ferida com pus, em seguida para uma ferida aberta e, finalmente depois de oito a doze semanas de aplicação da vacina a ferida estará com crosta, em processo de cicatrização. Não se devem colocar compressas, e nenhuma substância sobre a região, pois se trata de uma resposta esperada da vacina.

Efeitos adversos

Podem-se desenvolver gânglios (íngua) ou abscessos na pele e nas axilas e a disseminação do bacilo pelo corpo causando lesões em diferentes órgãos. Neste caso, deve-se retornar ao serviço de saúde onde foi aplicada a vacina.

A vacina BCG pode ser uma medida preventiva contra a infecção do COVID-19?

Estudos apontam que países e regiões que possuem uma política pública de vacinação na qual está inclusa a vacina BCG têm menos infecções e uma mortalidade reduzida pelo COVID-19. Entretanto, esses estudos não podem fornecer uma prova definitiva quanto a esse questionamento devido a diversos fatores, como a diferença de estrutura demográfica e genética entre dois países ou duas regiões opostas e, até mesmo, os diferentes hábitos sociais entre essas localidades, como a adoção da quarentena e isolamento social, ou não. Frente a isso, ainda há necessidade de estudos mais concretos e específicos para fornecer a prova da mais alta qualidade para a hipótese de que a vacina BCG protege contra o COVID-19 (O’NEILL; NETEA, 2020).

Este informativo é produto do projeto de extensão: Comunicação e Informação em Enfermagem e Saúde, que tem por objetivo principal informar a população em geral sobre temas em saúde.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Vacinação - tuberculose. 2020a. Disponível em:

https://www.saude.gov.br/o-ministro/960-saude-de-a-a-z/tuberculose/11942-vacinacao-tuberculose. Acesso em: 02 jul. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Tuberculose: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. 2020b. Disponível em:

https://saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose. Acesso em: 02 jul. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Brasil reduz em 8% o número de mortes por tuberculose na última década. 2020c. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46592-brasil-reduz-em-8-o-numero-de-mortes-por-tuberculose-na-ultima-decada#:~:text=No%20Brasil%2C%20em%202019%2C%20foram,ainda%20continuar%20fazendo%20v%C3%ADtimas%20fatais. Acesso em: 02 jul. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf. Acesso em: 08 jul. 2020.

BRASIL. Sociedade Brasileira de Imunização. Vacina BCG. 2020. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-bcg. Acesso em: 02 jul. 2020.

O’NEILL, L. A. J.; NETEA, M. G. BCG-induced trained immunity: can it offer protection against COVID-19?. Nature Reviews Immunology, London, United Kingdom, v. 20, p. 335-337, 2020. Available in: https://www.nature.com/articles/s41577-020-0337-y.pdf. Access in: 08 jul. 2020.

SILVA, F. S. et al. Incompletude vacinal infantil de vacinas novas e antigas e fatores associados: coorte de nascimento BRISA, São Luís, Maranhão, Nordeste do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Maranhão, v. 34, n. 3, p. 2-20, 2018. Disponível em:

https://www.scielo.br/pdf/csp/v34n3/1678-4464-csp-34-03-e00041717.pdf Acesso em: 02 jul. 2020.

AUTORES: CARVALHO, M. L. N.; DIAS, J. P. B.; ISIDORO, G. M.; LEONEL, G. A.; MELO, C. P.; MONTEIRO, I. M.; OLIVEIRA, D. S.; OLIVEIRA, P. E.; PAIVA, M. A. B.; RIBEIRO, J. M.; SILVA, B. D.; SILVA, L. S. R.; CHAVES, E. C.; SILVA, S. A.

COLABORAÇÃO: ESCOLA DE ENFERMAGEM; PRO-REITORIA DE EXTENSÃO;PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL – PET/ENFERMAGEM – UNIFAL.