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Terapia Comunitária Integrativa e Ayurveda



Terapia Comunitária Integrativa


A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma abordagem terapêutica que se concentra na participação conjunta dos membros de uma comunidade, com o objetivo de construir redes sociais de apoio e promoção da saúde, mobilizando os recursos e habilidades das pessoas, famílias e grupos locais. A TCI é realizada em formato de círculo, enfatizando a igualdade e a colaboração pelo encontro e diálogo dos integrantes do grupo. O compartilhamento de experiências tem como objetivo valorizar as histórias pessoais, contribuindo assim para a reconstrução da identidade, o fortalecimento da autoestima e da confiança em si mesmo, bem como para ampliar a compreensão e as possibilidades de enfrentar e resolver problemas (BRASIL, 2018).


Caracteriza-se como uma tecnologia leve, a ser aplicada coletivamente na comunidade, na qual é utilizada como estratégia de cuidados no âmbito da saúde mental em diversos cenários. Mesmo sendo uma abordagem coletiva, a TCI contribui individualmente, por constituir-se de uma abordagem facilitadora do empoderamento, resiliência e autocuidado, enfatizando as qualidades e potenciais existentes nas relações sociais, colocando-as em evidência (LEMES, et al., 2020).


A TCI fundamenta-se em cinco pilares: Pensamento Sistêmico; Teoria da Comunicação; Antropologia Cultural, Pedagogia Freireana e Resiliência. O pensamento sistêmico parte do pressuposto que a abordagem das crises e dos problemas só podem ser entendidos e resolvidos se lidarmos como partes integradas de uma rede complexa, cheia de ramificações, que ligam e relacionam as pessoas num todo que envolve o biológico (corpo), o psicológico (a mente e as emoções) e a sociedade.


Para que a Teoria da Comunicação seja eficiente, é necessário que se tenha dois componentes: a mensagem (ou conteúdo) e a relação entre os interlocutores, na qual esclarece que todo tipo de comportamento é uma forma de comunicação, sendo estes, verbais ou não verbais. A Antropologia Cultural ressalta os valores culturais e as crenças como importante fator na formação da identidade do indivíduo e do grupo. Afinal, a cultura é um elemento de referência fundamental na construção da identidade pessoal e grupal, interferindo, de forma direta, na definição do indivíduo.


A pedagogia de Paulo Freire nos lembra que ensinar não é apenas uma transferência de conhecimentos acumulados por um educador(a) experiente e que sabe tudo para um educando(a) inexperiente que não sabe nada. Ensinar é o exercício do diálogo, da troca, da reciprocidade, ou seja, de um tempo para escutar, de um tempo para aprender e de um tempo para ensinar.


Por fim, a resiliência é um processo no qual o indivíduo, levado pelas torrentes da vida, pode vencer, graças ao seu esforço. As pessoas resilientes valorizam muito os vínculos de apoio e estímulo, o que lhes permitem alimentar sua autoconfiança e autoestima. Logo, a Terapia Comunitária é um espaço de promoção da resiliência, pois pela partilha de experiências de vida, os indivíduos reforçam a autoestima, fortalecem os vínculos interpessoais, bem como estimulam a autonomia (BARRETO, 2010).


O objetivo das rodas de TCI não engloba ideologias nem dogmatismos, mas as práticas de valores supremos que dão sentido à vida; ao acolhimento, reconhecer-se na outra pessoa, criação de vínculos sociais positivos, conexões com afetos, pertencimento e enraizamento, favorecendo a ressignificação do sofrimento, livres de qualquer tipo de julgamento (SILVA, et al., 2020).


AYURVEDA


É uma abordagem terapêutica básica, de origem indiana, cujo significado vem da união de ayus (vida) e veda (ciência ou conhecimento). Para o Ayurveda, a saúde é a combinação do equilíbrio global do corpo físico, harmonia mental e espiritual. Tendo como principais objetivos, preservar a saúde de pessoas saudáveis, prevenir o aparecimento de doenças e ainda contribuir para a rearmonização de pessoas enfermas (CARNEIRO, 2014).


A prática tem como base o corpo humano composto por cinco elementos – éter, ar, fogo, água e terra –, os estados energéticos e emocionais e, em desequilíbrio, podem induzir o surgimento de doenças. Pode ser realizada pelo próprio indivíduo em seu autocuidado, o profissional/terapeuta apenas observa de forma cuidadosa as características fisiológicas internas e a disposição mental da pessoa. Além disso, estuda outros fatores, como os tecidos corporais afetados, humores, o local em que a doença está localizada, resistência e vitalidade, rotina diária, hábitos alimentares, a gravidade das condições clínicas, a condição de digestão, e detalhes pessoais, sociais, a situação econômica e ambiental da pessoa (BRASIL, 2018).


Segundo o Ayurveda, o ser humano acumula toxinas através de cinco sentidos: pelo ar poluído, ingestão de alimentos tóxicos, ao ouvir ruídos tóxicos aos ouvidos, visão de cenas violentas e pela falta de toque. Além disso, outra forma relacionada são as emoções presentes no nosso dia a dia, como a ansiedade, medo, insegurança, entre outros. Dessa forma, dentro das possíveis opções terapêuticas apresentadas pelo Ayurveda, pode-se utilizar a massagem terapêutica, a meditação, os exercícios físicos e respiratórios, a alimentação terapêutica e o uso de plantas medicinais (CARNEIRO, 2014; SIGOLO, 2015).


No Brasil, devido ao grande uso de plantas medicinais pela população, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) implementou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 10, de 9 de março de 2010 (BRASIL, 2010), que dispõe sobre a notificação de drogas vegetais com o objetivo de garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Nesse sentido, pode-se perceber que a prática Ayurveda já vem sendo empregada na cultura brasileira, através da utilização de plantas medicinais, como a Cúrcuma, Aloe Vera, pimenta do reino, canela e alguns tipos de chás. Observa-se que o consumo dessas plantas vem sendo utilizada para o mesmo fim na medicina popular brasileira e no Ayurveda, se apresentando como uma boa fonte de produtos naturais bioativos que podem ser empregados na terapêutica (LOPES et al., 2016).


Referências


BARRETO A. Terapia comunitária passo a passo. Fortaleza: Gráfica LCR; 2010.


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018


BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada 10 de 09 de março de 2010. ANVISA. Brasília - DF: Diário Oficial da União 2010. 


CARNEIRO, DM. Ayurveda: saúde e longevidade na tradição milenar da Índia. São Paulo: Pensamento, 2014. 336p.


LEMES, Alisséia Guimarães et al. A terapia comunitária integrativa no cuidado em saúde mental: revisão integrativa. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 33, 2020.


LOPES, Natália et al. Medicina complementar e alternativa no contexto da ayurveda e da medicina popular no Brasil. Biológicas & Saúde, v. 6, n. 20, 2016.


SIGOLO, Renata Palandri. Plantas Medicinais e os cuidados com a saúde: contando várias histórias. NUPPe / UFSC, 2015.


SILVA, Milene Zanoni et al. O cenário da terapia comunitária integrativa no brasil: história, panorama e perspectivas. Temas em Educação e Saúde, p. 341-359, 2020.





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