Produzido por: Jonas Paulo Batista Dias, bolsista do PET-Enfermagem.
O que é?
O bullying, termo advindo do inglês “bully” que significa valentão, mesmo ainda não tendo uma definição clara em nosso idioma (português), é entendido como intimidação, ameaça, humilhação e maltrato (SILVA, 2017). Olweus (2013) definia o bullying como ações físicas e negativas, acometidas intencionalmente por uma ou mais pessoas ao longo do tempo.
Como pode ser classificado?
Bullying físico: caracterizado pela violência física, como chutes e socos. O que torna, a classificação mais fácil a ser identificada, já que a vítima será seguida constantemente e os resultados são danos aparentes, ou seja, as marcas de agressão. (PEREIRA, 2002; SMITH et al., 2008; PUHL; KING, 2013).
Bullying psicológico: diferente da classificação anterior, esta, em resumo, consiste na intimidação e manipulação da vítima, de modo a atingir sua autoestima. Este tipo de bullying não é muito visível à aqueles que não estão inseridos no contexto, uma vez que o agressor utiliza de fofocas e apelidos para denegrir e perseguir a vítima, resultando no isolamento e exclusão da mesma. Vale ressaltar que nesse tipo de bullying, as ofensas ocorrerem de modo direto e indireto, já que mesmo na ausência de nomes a vítima sente que estão se referindo a ela. (SILVA, 2017)
Bullying Sexual: dependendo do contexto, pode ser considerado assédio e abuso da vítima, como por exemplo, insultar ou fazer comentários de índole sexual, ou até mesmo obrigá-la a atos sexuais. (COSTA, 2017)
Bullying Social: quando ninguém se relaciona com determinada pessoa a excluindo de rodas de conversa ou de qualquer convívio social. Este comportamento quando influenciado por alguém é considerado bullying, normalmente associado a algo que o agressor disse aos espectadores, desde alguma crítica negativa a gênero, etnia, vestimentas, orientação sexual, entre outros. (SILVA, 2017)
Bullying Material: ou contrário da descrição já citadas, aqui temos a intimidação por roubos, furtos ou destruição de bens materiais da vítima por parte do agressor. O objetivo do mesmo é provocar a vítima e intimidá-la indiretamente. (SILVA, 2017)
Bullying Virtual: este tipo é o mais comum nos dias de hoje, ou o mais frequente devido o anonimato e a facilidade em realizá-lo. A humilhação consiste no uso de rede sociais como forma de constrangimento e humilhação da vítima. Pode ocorrer por meio de fotos, mensagens, boatos, exposições. (SMITH, 2013)
Vale ressaltar que alguns tipos descritos acima podem sofrer variação de nomes e, também, podem existir outros tipos bullying, a depender do cenário.
Quais são as pessoas podem estar envolvidas?
Com tantas formas e meios de práticas de bullying, o mesmo vem sendo reconhecido como um dos tipos de violência que mais cresce no mundo e, que além da vítima e do agressor, outras pessoas podem estar envolvidas (OLWEUS, 2013). Portanto, podem estar envolvidos:
Espectadores: Aqueles que mesmo sem intenção, reforçam o feito do agressor, seja por meio de risadas ou do silêncio. A maioria não consegue auxiliar a vítima por receio de ser a próxima vítima, ou por não saberem se portar naquele momento. (BERGER, 2007)
Alvo: vítima do bullying, aquele que pode carregar os traumas e sofrimentos para o resto da vida. A frustração do ocorrido pode refletir e serem descontadas em outras pessoas ou meios que os aliviam do problema. (COSTA, 2017).
Autor: Aquele que pratica o bullying, mesmo que possua consciência da gravidade de seus atos. Aqui vale ressaltar que mesmo sendo o agressor, o autor também deve receber tratamentos e atenção para o problema, uma vez que há a necessidade de investigar a origem de seu comportamento (BANDEIRA; HUTZ, 2012).
Quais as consequências?
O bullying leva a diferentes consequências na vida das pessoas envolvidas, principalmente durante o processo de crescimento e desenvolvimento. De acordo com Neto (2011), o bullying pode causar:
- Depressão, transtornos de estresse pós-traumático e demência, incluindo não apenas alterações de humor, mas também alterações cognitivas, como por exemplo, no sono e no apetite. O estresse pós-traumático, comumente ocorrido em indivíduos ou testemunhas de atos violentos, acontece conforme a pessoa vai se recordando do ocorrido.
- Sentimento de agressão, que pode transformar a vítima em agressor.
- Dores, que podem ser físicas ou de efeito psicológico, ou seja, de aspecto emocional a tudo que está enfrentando.
- Perda de autoestima, em que a vítima passa a se considerar "inútil" frente a todas as provocações sofridas.
- Medo e receio de agir ou se expressar, temendo que será apenas mais um motivo para ser provocado.
- Automutilação, considerado um dos mais graves efeitos do bullying, ocorre quando a pessoa causa ferimentos em seu corpo como forma de amortizar os sentimentos.
- Dificuldades e abandonos, muito das vezes visto como "falta de interesse", seja por medo ou recusa total, já que determinada "atividade do seu dia" simboliza seu maior sofrimento (local em que sofre o bullying).
- Suicídio, em caso extremo em que a vítima enxerga a morte como única saída para se livrar da dor, ou até mesmo como forma de deixar de ser o “aborrecimento”, afinal, as vítimas possuem o pensamento de que estão sendo perseguidas porque são um “incômodo a seus agressores”.
Por fim...
O bullying é algo muito complexo. Por mais que alguns possam e consigam imaginar a dor do próximo, ainda assim não é possível sair da suposição. A particularidade de cada pessoa pode gerar algo desconhecido no outro, algo que só a tolerância deve preservar. É importante compartilhar os sentimentos e sofrimentos com pessoas próximas e/ou familiares. Um acompanhamento psicológico pode ser de extrema importância para que que o bullying não influencie toda vida das pessoas envolvidas no problema. A empatia é a principal ferramenta para combater o bullying.
Referências:
BANDEIRA, C. M.; HUTZ, C. S. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre os gêneros. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 16, Número 1, Janeiro/Junho de 2012. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/pee/v16n1/04.pdf>. Acesso em: 19 de ago de 2020
BERGER, K. S. (2007). Update on bullying at school: Science forgoten? Developmental Review, 27, 90-126.
COSTA, M. Existem seis tipos de bullying: físico; sexual; verbal; social; cyberbullying; e homofóbico. Crónica do Psicólogo Marcelo Costa. 2017.
KING, A. et al. The health of youth: a cross-national survey. Quebec: World Health Organization, 1996.
NETO, Aramis Antonio Lopes. Bullying saber identificar e como previnir. Publicado pela editora Brasiliense em 2011, em São Paulo: brasiliense.
PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma escola sem violência: estudo e prevenção das práticas agressivas entre crianças. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
PUHL, R.; KING, K. Weight discrimination and bullying. Best Practice and Research Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 27, n. 2, p. 117-127, Apr. 2013. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23731874>. Acesso em: 19 de ago. de 2020.
SILVA, B. A. G. Bullying: a violência nas escolas de ensino fundamental i educando para a paz. 2017. Disponível em: <http://186.251.225.226:8080/handle/123456789/80>. Acesso em: 19 de ago. de 2020.
SMITH, P. K. School Bullying Sociologia, Problemas e Práticas 2013; 71:81-98.
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